Mea culpa

Parece que nos últimos meses, para não dizer um ano, tenho andado a fazer uma viagem ao passado na minha vida presente, se bem que com as devidas diferenças. Aquela parte do passado negro de que só eu sou culpada regressou, mais forte que nunca, e agora não tenho nenhum bode expiatório a quem lançar as culpas que sempre foram minhas e que eu nunca quis admitir. Agora, quer queira quer não, tenho que encarar a minha vergonha de frente e a minha inércia para o mudar, apesar de tanto o querer. Eu sei que tenho os meus motivos e que a esta altura da minha vida não são tão fracos assim, tenho-me sentido mesmo muito mal com a opção que tomei, nunca pensei vir-me a arrepender tão amargamente. E apesar de saber que tudo isso está prestes a mudar, porque eu quero e fiz por isso, não consigo deixar de usar esses motivos como justificação, que continuam a existir. Sinto-me mais sozinha do que nunca apesar de te ter, neste momento a meio gás como se costuma dizer, a culpa não é tua é só minha. Estou feliz mas esta angústia não me larga e a minha vergonha continua, nem consigo olhar-me ao espelho que não tenho, porque não me dei ao trabalho de o pendurar. Percebes?!. Desculpa se te tenho causado aflição, não te preocupes, é um problema só meu, é uma culpa só minha...não nos vai afectar...eu amo-te! Mas sinto-me tão mal, tão mal! Juro-te aqui que vou fazer tudo para mudar isso em mim, quero que me continues a ver forte como eu te apareci e não vou desapontar-me mais senão desapareço em lágrimas que é o que tenho feito à noite, no escuro daquelas quatro paredes que me cercam todos os dias sufocando-me cada vez mais em pesar pela vida que sinto agora levar, sem sentido, vazia, pareço um autómato. Eu sei que não me julgas porque me compreendes mas a mim tira-me do sério!!! Mas eu vou expurgar a culpa e isto vai mudar, deve ser tudo causa dos monólogos que se tornaram meus companheiros e que me têm endoidecido, Já chega, não quero falar mais nisto e arranjar mais pretextos! Actos em vez de palavras!